Seu Carlos tinha a fama de um velho ranzinza, fama criada pela vizinhança, pois nunca viram o velhinho receber uma visita, não ficava na praça próxima de casa, não jogava conversa fora com os vizinhos.
E se essa era a fama para os vizinhos para as crianças então, ele era o devorador de garotos sem educação.
Até que um dia, em mais uma das famosas peladas da rua Hélio Ferreira, a bola subiu, atravessou o baixo muro e quebrou a janela do seu Carlos. A molecada corria desesperada, uns se esconderam atrás dos carros, outros atrás ou sobre árvores, e enquanto outros dois discutiram quem pediria a bola ao velho malvado, eis que surge aquele senhorzinho, com uma boina dos tempos de Che Guevara, uma calça social marrom, a camisa regata por dentro da calça e um típico suspensório, ele trazia a bola em sua mão direita, furada.
O assombro, impediu que os garotos ouvissem a pergunta feita por seu Carlos, que teve que repeti-la:
-A quem pertence essa bola?
Miguel timidamente levanta a mão, e então seu Carlos explica que, ao quebrar a janela a bola furou, mas ele tinha uma novinha em sua casa, que substituiria a bola furada, porém ele jogaria no time dos “com camisa”. Ninguém entendeu nada, mas nessa hora a curiosidade era maior que o medo, e os outros garotos desceram das árvores, saíram de trás dos carros e partiram para a pelada, com seu Carlos jogando.
O Velho senhor não tinha habilidades, nem muito fôlego, mas de alguma forma era confortante se divertirem com aquele que parava os jogos para as bicicletas ou pedestres passarem.
Ao término da partida, enquanto saboreavam o suco oferecido pelo, agora, simpático velhinho, escutavam suas histórias.
Na verdade o motivo pelo qual Carlos tinha uma bola, era o mesmo motivo porque ele nunca estava em casa. Ele saia cedo de casa para alegrar crianças em um orfanato do bairro, Carlos contava histórias, jogava bola, brincava de pega a pega, e a partir desse dia, os garotos da rua passaram a freqüentar o mesmo orfanato, compartilhar e testemunhar suas ações, Já os vizinhos apenas envergonharam-se de seus maus juízos.
E entre tantas lições os garotos aprenderam que se puderem ajudar alguém, doe e se necessário doe-se, já o juízo deixe que Deus o faça afinal isso não é de nossa conta.
Excelente história primo...parabéns!
ResponderExcluirFaço minhas as palavras do primo.
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