Santiago partiu, e para os religiosos cumpriu sua missão,
para os terrenos uma partida precoce, mais uma vida interrompida.
O fato é que encontramos diversos dedos apontando, julgando
e culpando a um ou dois jovens, e quem condena se coloca como donos da razão,
porém, como revela o livro Anônimo Incógnito, o problema de se ter braços é que
dificilmente apontamos para nós mesmos.
Hoje falam da violência nas manifestações, mas na própria
emissora que Santiago trabalhava, existe um programa policial, por assim dizer,
que explora o sofrimento, a dor, que incita a violência, a intolerância, o
ódio, um programa que ajuda a perpetuar a ideia da pena de morte, do olho por
olho, do dente por dente. É desta mesma mídia que manipula nossas opiniões
esportivas, políticas, éticas e imorais. Será que estes tantos jornalistas que
fazem agora belos discursos sobre Santiago, que particularmente não duvido que
tenha sido um grande homem, não se sentem nem um pouco culpado? Isto não é um
julgamento é uma pergunta.
O jovem não seria mais uma vítima da manipulação? Isto não é
resultado da hipocrisia? Afinal a população tem apanhado tanto das situações
que vivem e foram orientados e revidar não foi? Eles foram instigados a
lutarem, a serem impiedosos e intolerantes, foram manipulados a enxergarem
razões, e viverem por razões, não por sentimentos, compreensões, compaixões ou
amor.
E já que, apenas após a morte nossa mídia reconhece (é
lógico que há exceções), vamos citar Mandela, se ele assistisse nossa mídia e a
levasse a sério, a intolerância mudaria de “cor”, e a África do Sul ainda
viveria dias de tormenta, mas Mandela não enxergou as razões que são ensinadas
e manipuladas em nossa TV, me fazem de ridículo por meus ideais, embora sejam
parecidos com os de Mandela que agora nossa mídia glorifica, mas tudo bem, não
quero glória, desejo apenas uma sociedade mais justa.
E hoje Renato mais uma vez cantaria: “É preciso amar as
pessoas como se não houvesse amanhã...”
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