A Manchete que me corta o coração!
Abrir o jornal, seja físico ou digital, e enxergar uma
notícia que espeta a alma é algo muito cruel, e foi assim que senti ao ler que “o
número de suicídios no Brasil tem aumentado”. A morte para a nossa cultura
ocidental é um tabu constante, evitamos falar dela e assim também evitamos
falar sobre a beleza da vida, que fica oculta aos corações despedaçados, por
qual motivo seja.
A gente enxerga campanhas em Outdoors dizendo que é preciso
valorizar a vida, e compartilhamos em nossas redes sociais as motivações mais
bonitas, as belas frases dos líderes religiosos, dos filósofos e dos escritores
preferidos. E apesar disso continuamos julgando àqueles que consideramos
equivocados. Falamos mal do outro ou o rotulamos por suas ideias, seus corpos,
sua beleza ou a falta dela, sua condição social, psicológica, sua religião,
suas preferências políticas, seu time do coração, enfim, há sempre um motivo
para que exaltemos o que no outro não nos agrada.
Julgamos quem não colabora com a campanha do alimento ou do
agasalho, mas a quem colabora também estamos dispostos a dizer que poderia “dar
mais” ou “algo melhor”.
A gente adiciona facilmente a figurinha que condena, mas
lastima o ser que saiu da vida pela infeliz porta do suicídio. A gente não
percebe os pedidos de socorro, a gente fala em acolhimento, solidariedade e
caridade, mas ignoramos que a caridade mais urgente é olhar nos olhos e ouvir,
verdadeiramente, o que o outro tem a dizer.
Quando as tragédias acontecem é fácil citar a inspiração de Jean-Paul
Sartre, afinal “o inferno são os outros”, porque no final das contas eu sou um
bom cidadão, cumpro com meus deveres sociais cíveis, e não falto ao compromisso
religioso, que muitas vezes é um compromisso quase que profissional com *hora marcada pra falar com Deus, sem jamais,
ter tempo para ouvi-lo.
E quer saber, ouvir a Deus é ouvir o outro, seja por crer
que Deus habita em cada um de nós, seja por crer que somos imagem e semelhança,
seja por crer que Deus é causa primeira, seja por crer que somos todos deuses.
As doenças da mente, as dependências químicas, os problemas
amorosos ou familiares e os traumas emocionais têm agido como gatilhos, mas o
gatilho que podemos e devemos despertar em cada um que sofre é de que viver
vale a pena, e que ele ou ela é amado, exatamente do jeito que é. E você que lê esse texto também é. Procure
ajuda, se ajude.
Há “profissionais” dizendo que são os melhores em tudo, são
mais inteligentes, mais bem-sucedidos e melhores que você, ignore-os, muitas
vezes eles estão apenas querendo preencher o vazio que eles também sentem, e
diminuir os outros com mentiras é a melhor forma que ele encontrou, ainda sem
perceber que o vazio só tem aumentado.
A quem ler esse texto, saiba que, viver vale a pena, você é útil,
você é insubstituível, sinta-se por meio dessas palavras, acolhido, amparado e
amado.