sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024


A Manchete que me corta o coração!

 

Abrir o jornal, seja físico ou digital, e enxergar uma notícia que espeta a alma é algo muito cruel, e foi assim que senti ao ler que “o número de suicídios no Brasil tem aumentado”. A morte para a nossa cultura ocidental é um tabu constante, evitamos falar dela e assim também evitamos falar sobre a beleza da vida, que fica oculta aos corações despedaçados, por qual motivo seja.

A gente enxerga campanhas em Outdoors dizendo que é preciso valorizar a vida, e compartilhamos em nossas redes sociais as motivações mais bonitas, as belas frases dos líderes religiosos, dos filósofos e dos escritores preferidos. E apesar disso continuamos julgando àqueles que consideramos equivocados. Falamos mal do outro ou o rotulamos por suas ideias, seus corpos, sua beleza ou a falta dela, sua condição social, psicológica, sua religião, suas preferências políticas, seu time do coração, enfim, há sempre um motivo para que exaltemos o que no outro não nos agrada.

Julgamos quem não colabora com a campanha do alimento ou do agasalho, mas a quem colabora também estamos dispostos a dizer que poderia “dar mais” ou “algo melhor”.

A gente adiciona facilmente a figurinha que condena, mas lastima o ser que saiu da vida pela infeliz porta do suicídio. A gente não percebe os pedidos de socorro, a gente fala em acolhimento, solidariedade e caridade, mas ignoramos que a caridade mais urgente é olhar nos olhos e ouvir, verdadeiramente, o que o outro tem a dizer.

Quando as tragédias acontecem é fácil citar a inspiração de Jean-Paul Sartre, afinal “o inferno são os outros”, porque no final das contas eu sou um bom cidadão, cumpro com meus deveres sociais cíveis, e não falto ao compromisso religioso, que muitas vezes é um compromisso quase que profissional com *hora marcada pra falar com Deus, sem jamais, ter tempo para ouvi-lo.

E quer saber, ouvir a Deus é ouvir o outro, seja por crer que Deus habita em cada um de nós, seja por crer que somos imagem e semelhança, seja por crer que Deus é causa primeira, seja por crer que somos todos deuses.

As doenças da mente, as dependências químicas, os problemas amorosos ou familiares e os traumas emocionais têm agido como gatilhos, mas o gatilho que podemos e devemos despertar em cada um que sofre é de que viver vale a pena, e que ele ou ela é amado, exatamente do jeito que é.  E você que lê esse texto também é. Procure ajuda, se ajude.

Há “profissionais” dizendo que são os melhores em tudo, são mais inteligentes, mais bem-sucedidos e melhores que você, ignore-os, muitas vezes eles estão apenas querendo preencher o vazio que eles também sentem, e diminuir os outros com mentiras é a melhor forma que ele encontrou, ainda sem perceber que o vazio só tem aumentado.

A quem ler esse texto, saiba que, viver vale a pena, você é útil, você é insubstituível, sinta-se por meio dessas palavras, acolhido, amparado e amado.